“PEDERASTAS, MACONHEIROS E PROSTITUTAS”

Em 1967, na Califórnia, EUA, os hippies saíram às ruas pela primeira vez. Os hippies revelaram-se um símbolo vivo e forte do desprezo da nova geração ao chamado american way of life, e anunciavam a necessidade de cada um abrir os sentidos, exaltar o espírito e expandir a consciência. A onda chegou ao Brasil no início dos anos 1970, e foi recebida na base da repressão. Em diversas capitais do país foram criadas as chamadas “delegacias de vigilância geral e costumes”, que tinham entre as suas funções “prender os jovens hippies e comunicar imediatamente aos seus pais, já que grande parte deles pertencia à classe média” (ARAÙJO, 2005, p. 134).

Naquele contexto, fumar maconha era identificado como uma agressão ao sistema, um ato de rebeldia, ligado aos movimentos pacifistas e de contracultura, que muitas vezes assumia um caráter de protesto político. O preconceito aos usuários era grande na sociedade, e a repressão avançava sobre eles com força e autoridade. Muitos artistas “cafona” expressaram seu apoio à postura dos hippies, entendendo que estes, pelo uso das drogas, buscavam uma mudança de costumes, e que à seu modo, lutavam pela paz e o amor. Odair José, com Viagem, se mostrou atento a este novo fenômeno: “Venha comigo na minha viagem/ não se preocupe eu tenho as passagens/ ... / sei que você tem vontade/ mas de repente o medo lhe invade/ e você não vem/ ... / quero colocar na sua mente uma luz/ acabar de uma vez com os tabus/ que um dia inventaram pra gente...”.

Nos anos 1970, a temática do homossexualismo no Brasil ainda era assunto revestido de preconceito. Mas, isso não impediu que a questão homossexual fosse tratada através de baladas românticas, como Galeria do amor de Agnaldo Timóteo, gravada em 1975. Com esta canção, Agnaldo fazia referência à galeria Alaska, tradicional ponto de encontro de homossexuais, no Rio de Janeiro.



Em 1976, Agnaldo Timóteo mais uma vez se identificaria com outros solitários, defendendo o amor sem preconceitos, com a canção Perdido na noite. A balada retrata o cotidiano reprimido de milhares de anônimos que saem pelas ruas em busca de companhia e prazer: “Somos amantes do amor liberdade/ somos amados por isso também/ e se buscamos uma cara metade/ como metade nos buscam também”.

Odair José com Desespero retrata o drama de um rapaz preocupado com desconfianças de sua namorada, quanto a sua sexualidade. Mas, a canção que já estava pronta para o novo disco, foi vetada pela censura, sob a justificativa de que “a letra questiona a masculinidade de um indivíduo e desperta o público para a questão homossexual” (ARAÚJO, 2005, P. 140).

Wando foi outro artista “cafona” que abordou a questão do homossexualismo. Em 1978 gravou a canção Emoções, esta revela a descoberta da atração sexual entre dois jovens do sexo masculino: “Nos fizemos tão meninos/ livres tão vadios de tanto querer/ ... / me entregaste teus segredos/ e eu falei do medo do meu coração...”.

Deve-se observar, que além de segregação e discriminação, o cotidiano de muitos homossexuais foi marcado por atos de violências físicas ou verbais. Muitas sessões de torturas também aconteceram. Num contexto de repressão como este, é preciso enfatizar o caráter transgressor e crítico do repertório “cafona” que expressa questões vivenciadas em nossa sociedade, assim, relativiza-se o que se entende por canção de protesto.

Em 1978 formou-se o Movimento de Liberação Homossexual no Brasil, integrado por artistas, profissionais liberais, intelectuais e estudantes homossexuais. Os militantes gays elegiam o prazer como um direito legítimo de todo e qualquer cidadão.

O lado proibido do amor homossexual também apareceu na canção Meu jeito de amar de Nelson Ned, na balada Preconceito do cantor Paulo Adriano, e com Odair José em Forma de sentir.

A temática da prostituição feminina foi introduzida no repertório “cafona” em 1972, por Odair José e a canção Eu vou tirar você desse lugar. Fernando Mendes com Menina da calçada, não se mostrou alheio à realidade de tantas mulheres, que têm na prostituição o único meio de subsistência.



Essa recorrência ao tema da prostituição feminina no repertório “cafona” ocorre em grande parte, por conta da aproximação desses cantores ao universo da noite. O cantor Waldick Soriano revela que a sua primeira esposa era uma prostituta de Belém do Pará. Nelson Ned também manifestou sua paixão por uma garota de programa, e a mesma lhe inspirou na composição de Quando eu estiver chorando. (ARAÙJO, 2005, p. 151).


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Referências:

ARAÚJO, Paulo Cesar de. Eu não sou cachorro, não: música popular cafona e ditadura militar. Rio de Janeiro: Record, 2005.

2 comentários:

  1. No comunismo, em 74 anos na União Sovietica, foram mortos mais de Um milhão de Pederastas-Homossexuais, mandados no inferno da Sibéria! Quero ver se esses covardes pederastas-bichas vão fazer parada gay em Cuba alguma vez!

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